sexta-feira, 23 de novembro de 2007

CIRCE - MITOLOGIA


Circe ou Kírkē (em grego, Κίρκη — falcão) era filha da deusa Hécata. Era uma deusa cuja característica principal era a capacidade para a ciência da feitiçaria. Era capaz então de criar filtros e venenos que transformavam homens em animais. Por esse motivo habitava num palácio encantado, cercado por lobos e leões (seres humanos enfeitiçados). Crê-se que essa ilha se encontra no que hoje é o monte Circeu. Porém aparece ainda a versão da paternidade de Circe a Helios com a oceanide Perséia. Perséia também pode significar : Hecate, a filha de Perses ("destruição"). Circe, figura mítica, é retratada como filha de Hélio, deus-sol e da ninfa Pérsia. Por ter envenenado seu marido, o rei dos sármatas, que habitava o Cáucaso, foi obrigada a exilar-se na ilha de Eana, localizada no litoral oeste da Itália. O nome da ilha "Eana" é traduzido como "prantear" e dela emanava uma luz tênue e fúnebre. Esta luz, identificava Circe, como a "Deusa da Morte horrenda e de terror". Era também associada aos vôos mortais dos falcões, pois assim como estes, ela circundava suas vítimas para depois enfeitiçá-las. O grito do falcão é "circ-circ" e é considerado a canção mágica de Circe que controla tanto a criação quanto a dissolução. Sua identificação com os pássaros é importante, pois eles têm a capacidade de viajar livremente entre os reinos do céu e da terra, possuidores dos segredos mais ocultos, mensageiros angélicos e portadores do espírito e da alma. Antigos escritores gregos citavam-na como "Circe das Madeixas Trançadas", pois podia manipular as forças da criação e destruição através de nós e tranças em seus cabelos. Como o círculo, ela era também a tecelã dos destinos. Circe era considerada a Deusa da Lua Nova, do amor físico, feitiçaria, encantamentos, sonhos precognitivos, maldições, vinganças, magia negra, bruxaria, caldeirões. Com o auxílio de sua varinha, poções, ervas e feitiços, ela transformava homens em animais, fazia florestas se moverem e o dia virar noite. Os escritores antigos Homero, Hesíodo, Ovídio e Plutarco relataram suas proezas, garantindo para ela um lugar nas lendas. No decurso das suas perambulações, o herói Ulisses (personagem épico da "Odisséia, de Homero") e sua tripulação desesperada, desembarcam na praia da ilha de Eana, onde vivia Circe, a filha do Sol. Ao desembarcar, Ulisses subiu a um morro e, olhando em torno não viu sinais de habitação, a não ser um ponto no centro da ilha, onde avistou um palácio rodeado de árvores. Ulisses envia à terra 23 homens, chefiados por Eurícolo, para verificar com que hospitalidade poderiam contar. Ao se aproximarem do palácio, os gregos viram-se rodeados de leões, tigres e lobos, não ferozes mas domados pela arte de Circe, que era uma poderosa feiticeira. Todos esses animais tinham sido homens e haviam sido transformados em feras pelos seus encantamentos. Do lado de dentro do palácio vinham os sons de uma música suave e de uma bela voz de mulher que cantava. Euríloco, chamou-a em voz alta, e a Deusa apareceu e convidou os recém-chegados a entrar, o que fizeram, de boa vontade, exceto Euríloco, que desconfiou do perigo. A Deusa fez seus convivas se assentarem e serviu-lhes vinho e iguarias. Quando haviam se divertido à farta, ela lhes tocou com uma varinha de condão e eles imediatamente se transformaram em porcos, com "a cabeça, o corpo, a voz e as cerdas" de porco, embora conservando a inteligência de homem. Euríloco apressou-se em voltar ao navio e contar o que vira. Ulisses, então, resolveu ir ele próprio tentar a libertação dos companheiros. Enquanto se encaminhava para o palácio, encontrou-se com um jovem que a ele se dirigiu familiarmente, mostrando estar a par de suas aventuras. Revelou que era Mercúrio e informou Ulisses acerta das artes de Circe e do perigo de aproximar-se dela. Como Ulisses não desistiu de seu intento, Mercúrio deu-lhe um broto de uma planta chamada "Moli", dotada de enorme poder para resistir às bruxarias, e ensinou-lhe o que deveria fazer. Ulisses prosseguiu seu caminho e, chegando ao palácio, foi cortesmente recebido por Circe, que o obsequiou como fizera com seus companheiros, e, depois que ele havia comido e bebido, tocou-lhe com sua varinha de condão, dizendo:-"Ei! procura teu chiqueiro e vai espojar com teus amigos".Em vez de obedecer, porém, Ulisses desembainhou a espada e investiu furioso contra a deusa, que caiu de joelhos, implorando clemência. Ulisses ditou-lhe uma fórmula de juramento solene de que libertaria seus companheiros e não cometeria novas atrocidades contra eles ou contra o próprio Ulisses. Circe repetiu o juramento, prometendo, ao mesmo tempo, deixar que todos partissem são e salvos, depois de os haver entretido hospitaleiramente. Cumpriu a palavra. Os homens readquiriram suas formas, o resto da tripulação foi chamado da praia e todos magnificamente tratados durante tantos dias, que Ulisses pareceu haver-se esquecido da pátria e ter-se resignado àquela inglória vida de ócio e prazer. Afinal seus companheiros apelaram para os seus sentimentos mais nobres, e ele recebeu de boa vontade a censura. Circe ajudou nos preparativos para a partida e ensinou aos marinheiros o que deveriam fazer para passar sãos e salvos pela costa da Ilha das Sereias. As sereias eram ninfas marinhas que tinham o poder de enfeitiçar com seu canto todos que o ouvissem, de modo que os infortunados marinheiros sentiam-se irresistivelmente impelidos a se atirar ao mar onde encontravam a morte. Circe aconselhou Ulisses a cobrir com cera os ouvidos dos seus marinheiros, de modo que eles não pudesses ouvir o canto, e a amarrar-se a si mesmo no mastro dando instruções a seus homens para não libertá-lo, fosse o que fosse que ele dissesse ou fizesse, até terem passado pela Ilha das Sereias.

No poema "Endimião", do poeta Keats, podemos ter uma idéia do que se passava no pensamento dos homens que eram transformados em animais pela feiticeira Circe. Esses versos abaixo teriam sido ditos por um monarca que tinha sido transformado em elefante pela deusa:Não lamento a coroa que perdi, A falange que outrora comandei E a esposa, ou viúva, que deixei. Não lamento, saudoso, minha vida. Filhos e filhas, na mansão querida, Tudo isso esqueci, as alegrias Terrenas olvidei dos velhos dias. Outro desejo vem, muito mais forte. Só aspiro, só peço a própria morte. Livrai-me desse corpo abominável. Libertai-me da vida miserável. Piedade Circe! Morrer e tão-somente! Sede, deusa gentil, sede clemente!

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